Ar@quém News - segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sobre o trágico acidente com vítimas coreauenses

“A tragédia ocorrida na madrugada do dia 05 de janeiro de 2013, no Município de Monsenhor Gil, Estado do Piauí, com vitimas fatais de pessoas de Coreaú e dos municípios de Alcântaras e Moraújo, no Ceará, é chocante, carregada de comovente tristeza.

Quero, neste ensejo, expressar os meus sentimentos de pesar às famílias pela grande perda de seus entes queridos. Nas comunidades locais, os moradores estão de luto pela perda de seus amigos, vizinhos, pessoas jovens que tinham uma vida ativa e de trabalho pela frente.

O acidente que provocou essa tragédia deve servir para profundas reflexões, sobre os vários fatores e causas, e não apenas analisar como um problema de trânsito, mecânico, do uso indevido do veículo como: falha mecânica, alta velocidade, ângulo da curva etc. O carro foi pensado, inventado, para prestar um serviço útil ao homem, mas, quando dirigido com irresponsabilidade, torna-se uma ‘máquina para matar’.

O que merece reflexão são os vários pressupostos ocasionados na viagem que provocou a tragédia, do qual citamos alguns elementos:
  • O uso da Van para transporte de passageiros para longa distância sem autorização do órgão de trânsito, com isso, não havendo controle da Polícia Rodoviária em nenhum dos pontos do trajeto entre o Ceará e o Piauí;
  • A empresa que importa a mão de obra foi negligente, pois não agiu com precaução para evitar que ocorresse tal tragédia, já que importa mão de obra do Ceará com frequência e não determina regras para o seu trajeto.
A tragédia teria sido evitada se as pessoas tivessem viajado de ônibus de linha e houvesse precauções e cuidados com vida e exposição ao risco.
Tal acidente tem uma causa, que precisa ser analisada para não achar que se trata apenas de um acidente de trânsito qualquer. É comum a migração de jovens, um resultado das más condições sociais, pobreza que vive a população dos municípios da Zona Norte do Ceará, onde a juventude, a população econômica ativa, enfrenta o desemprego, a baixa escolaridade e, com isso, migra para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil à procura de trabalho/emprego, como forma de manter a vida, o sustento de suas famílias. Enfrentam condições de trabalho, que não sabemos como acontece, no entanto, a imprensa nacional uma vez por outra noticia as relações de escravo que ocorrem pelo Brasil afora.

É preciso fazer uma relação do acidente, da tragédia, com a situação social que vive nossa população, enfrentando desafios, inclusive a perda da vida na busca de trabalho, de oportunidade de geração de renda, pois a região não dispõe de trabalho e alternativa de renda para a juventude.

O Ceará tem seu desenvolvimento e crescimento econômico pensado e estruturado com concentração de renda e oportunidade de emprego e trabalho na Capital e Região Metropolitana e no litoral. Os municípios da região Norte estão localizados no sertão, no nicho territorial ausente das oportunidades de trabalho, emprego e ainda enfrenta a seca que inviabiliza a agropecuária. A exceção na região é Sobral, que conta com a Grendene empregando um grande publico da região, mas não emprega todos.

Nosso alerta é para que as organizações sociais e o Poder Público Municipal possam discutir estratégias de desenvolvimento local que envolva a população economicamente ativa com trabalho e geração de renda, para que tenhamos uma redução da migração e a exposição de nosso povo à situação de tragédia. Entende-se com isso que o município precisa ser pensado como viável e com a geração de oportunidade. Cabe ao município a busca de uma política pública que enfrente esse grave problema.”

(Benedito Francisco Moreira Lourenço, coreauense, licenciado em Filosofia e presidente da Fundação CIS) 
 
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